A fabricação digital na indústria de arquitetura, engenharia e construção (AEC) e seus impactos – CROSSLAM
Industria

A fabricação digital na indústria de arquitetura, engenharia e construção (AEC) e seus impactos

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A indústria de Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC) está passando por uma fase de mudança acelerada, com empresas do setor, como escritórios de arquitetura, projetistas, construtoras e incorporadoras, buscando adotar cada vez mais tecnologias de fabricação digital (DFAB). Essa abordagem traz consigo uma série de vantagens significativas, como maior eficiência no uso de recursos, aumento da produtividade, redução de resíduos de construção, melhoria na qualidade das edificações, maior segurança e menor esforço para os trabalhadores. No entanto, apesar do reconhecimento geral da necessidade de inovação na AEC, ainda existe um grande desconhecimento e resistência em relação à adoção de métodos sistêmicos, como o DFAB, resultando em uma lacuna considerável entre as tecnologias existentes e aquelas que são efetivamente utilizadas na indústria.

A implementação do DFAB na construção civil é um desafio real e prático. Trata-se de um processo no qual os equipamentos de manufatura são controlados diretamente por dados digitais de projetos, como fresadoras CNC, braços robóticos, impressoras 3D e, recentemente, até mesmo máquinas de terraplanagem, gruas e guindastes. Esses processos envolvem a conversão perfeita de dados de projeto e engenharia em códigos digitais para o controle de máquinas e dispositivos de fabricação. Esse fluxo de trabalho resulta na tradução dos dados gerados digitalmente em estruturas físicas, por meio da transferência direta dos dados de projeto para operações de fabricação e montagem em escala 1:1, dentro de uma cadeia de dados digitais contínua, desde o projeto até a fabricação.

Portanto, a adesão ao DFAB depende de uma integração perfeita entre tecnologias digitais e componentes físicos, em uma escala 1:1. Para atingir esse objetivo, os designers precisam de informações e conhecimento sobre os parâmetros e processos de produção, além de um sólido entendimento dos materiais disponíveis. Esses processos se assemelham às práticas de fabricação industrial, onde é adotada a metodologia do Design for Manufacture and Assemble (DFMA). Essa abordagem consiste basicamente em desenvolver projetos alinhados às características e requisitos de fabricação e montagem, visando garantir a máxima facilidade nesses processos.

No caso do uso de estruturas de madeira engenheirada, é importante adotar a mesma abordagem projetual. Afinal, esses produtos são intrinsecamente industriais e se assemelham mais à indústria automobilística do que aos sistemas de construção tradicionais, que ainda são predominantemente artesanais.

No entanto, a realidade observada no mercado até o momento está distante do ideal. Embora a construção com ferramentas controladas digitalmente seja utilizada há cerca de 20 anos, poucos projetos alcançaram seus objetivos iniciais. Para acelerar esse processo, é crucial reduzir o tempo necessário para compreender as novas tecnologias, que tem sido o maior desafio enfrentado pelo mercado.

Essa grande lacuna entre a viabilidade e a adoção efetiva da indústria mostra que o problema não reside na tecnologia em si, mas nos obstáculos para sua integração na prática existente, que surgem das organizações e processos internos das empresas mencionadas anteriormente, bem como na necessidade de uma mudança fundamental na abordagem dos projetistas, passando de uma mentalidade voltada para a arquitetura da obra para uma abordagem centrada no produto. Além disso, há uma grande inércia nas estruturas organizacionais, incluindo o medo do novo como fator limitante.

A adoção do DFAB terá um impacto profundo na indústria de AEC e substituirá cada vez mais os métodos convencionais de construção. Essa transição trará mudanças significativas na força de trabalho, na integração da manufatura digital com o BIM (Building Information Modeling) e o design computacional, na automação das tarefas da construção, no design colaborativo e na interface homem-máquina. A prática da arquitetura e a educação na área também serão profundamente afetadas por essas mudanças.

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